sábado, 5 de agosto de 2006

Encerramento da Escola EB1 de Alvre

No decurso de um cenário que se afigura como adquirido: encerramento da Escola EB1 de Alvre, entendo ser relevante deixar aqui expressos alguns argumentos que têm consubstanciado a posição da Associação de Pais daquela escola (da qual eu faço parte). Sublinhe-se, porém, que a oposição não se regista contra os futuros Centros Escolares, mas sim contra este quadro de carácter transitório.
Deste modo, importa apresentar aqui todos os argumentos que sustentam esta nossa posição.
Começando pelo critério demográfico, sublinhe-se que no próximo ano lectivo esta escola albergará 9 alunos, sendo que nos anos subsequentes a tendência aponta para um aumento crescente, ano após ano – tendo presente a observância do nº de alunos que irão sair nos próximos anos e os que vão entrar.
Seguidamente, merecem referência o edificado escolar e o espaço envolvente, cujas características não encontram equiparação nas escolas periféricas apontadas como potenciais acolhedoras destes alunos. Constata-se, assim, que os nossos filhos vão viver uma regressão no que concerne ao seu conforto na sala de aulas, bem como nos seus momentos de recreio.
Outro facto importante reside num aspecto envolto por alguma paradoxalidade. Isto é, por um lado os pais defendem o novo horário escolar proposto mas, em contraponto, têm todo o interesse, e manifestam toda a sua disponibilidade, para que as suas crianças venham almoçar às suas casas. Esta constitui, seguramente, uma atitude de elevado assincronismo, nada consentânea com o quadro contemporâneo vigente na nossa sociedade. Atente-se, que se alguns estudos apontam para a importância de um maior apoio dos professores para a consecução do sucesso escolar, os mesmos estudos, ou outros congéneres, relevam a necessidade de um acompanhamento familiar.
Enfatize-se, ainda, outras variáveis cuja análise conferem à nossa posição um carácter mais holístico. Com efeito, numa visão da tão badalada carência de um correcto ordenamento do território e consequente protecção ambiental, parece-nos que esta medida vai aumentar as assimetrias existentes na nossa região. Ou seja, ao perseguir-se um desenvolvimento homogéneo do território – fixando o máximo de população nas suas localidades, por forma a evitar os problemas económicos, sociais e ambientais daí inerentes – não se pode, no nosso ponto de vista, imprimir estas intervenções nada harmoniosas.
Por fim, parece-nos pertinente glosar a questão – talvez central – na qual as entidades competentes empreendem toda a sua energia para a defesa do encerramento das escolas que comportam estas características: a separação dos diversos níveis escolares, por forma à obtenção de um melhor aproveitamento do ensino. Convém salientar que, numa hipotética conjectura de transferência para outra escola, as nossas crianças vão estar numa turma que engloba dois anos lectivos. Permanecendo na escola EB1 de Alvre, vão estar numa turma compreendendo quatro anos lectivos, é certo, mas de dimensões mais reduzidas, permitindo, certamente, um melhor acompanhamento individual dos discentes.
Evidentemente, interiorizamos que têm que ser desenvolvidas acções no sentido de combater o insucesso escolar, e que estudos científicos apontam a separação dos níveis escolares como premente para objectar a esse mesmo insucesso; no entanto, relembramos, também, a enfática defesa que outros especialistas fazem da importância que o ambiente familiar e escolar tem no alcance do sucesso ao nível do ensino. No decurso de tais afirmações, estamos plenamente agradados com toda a envolvente onde as nossas crianças estão inseridas, não se vislumbrando qualquer onda de insucesso escolar nem de crianças em risco (este quadro pode, e deve, ser confirmado pela presente docente desta escola), contrariamente ao que poderá ser observado noutras escolas.
Face a tudo isto, e porque mais do que ninguém valorizamos a formação dos nossos filhos, fazemos aqui de forma plenamente convicta, e sem qualquer ponta de niilismo, a apologia do não encerramento da “nossa escola” enquanto não se vislumbrar a construção dos ditos Centros Escolares, cuja sua implantação retira-nos qualquer legitimidade reivindicativa, face às condições que os mesmos podem oferecer para um correcto desenvolvimento das crianças.
A Associação de Pais da referenciada escola, assim como a população de Alvre em geral, só pretende alertar para o grau de importância de que se revestem estas tomadas de decisão, intercedendo para que todos os “prós e contras” sejam colocados nos dois pratos da balança, por forma a que o prato com maior peso na melhor formação dos alunos seja objecto de uma maior inclinação.



O Presidente da Assembleia Geral da ACRD Sta. Marta-Alvre,

José António Moreira

Sem comentários: